A TV por assinatura brasileira é muito cara, e a culpa não são os impostos, mas sim a falta de concorrência,
apontou hoje o presidente da Ancine (Agência Nacional do Cinema),
Manoel Rangel. Conforme levantamento feito pela entidade com pacotes de
programação equivalentes de operadoras de TV por assinatura que atuam
nas capitais de Portugal, Espanha, Chile, Argentina, e no Rio de Janeiro
(no Brasil), constatou-se que o Brasil é o país que cobra mais caro
pelo serviço. A Ancine analisou os segundos pacotes mais baratos
oferecidos pelas empresas Zon e Portugal Telecom, em Portugal; Digital+ e
Telecable, na Espanha; Direct Chile, Telmex Chile e VTR, no Chile;
Cablevision e Directv Argentina, na Argentina; e NET, Sky, TVA, Embratel
e Oi, no Rio de Janeiro e constatou que o pacote dos brasileiros é 30%
mais caro do que o pacote chileno; 70% mais caro do que a programação
oferecida por Portugal e Espanha e 171% mais caro do que os canais
argentinos. "Em 2007, a situação era muito pior", assinalou
Rangel, salientado que os preços, embora ainda muito altos, só caíram
após o ingresso de dois novos competidores no mercado brasileiro a
partir do ano passado (Oi e Via Embratel).
Conforme a Ancine, o
preço por canal de TV paga no Rio de Janeiro em 2007 variava de R$ 1,92 a
R$ 6,94, enquanto na Espanha ele ficava entre R$ 1,51 a R$ 1,26; em
Portugal, R$ 1,07 a R$ 1,24; no Chile, entre R$ 0,70 a R$ 1,81 e na
Argentina, entre R$ 0,60 a R$ 0,80. Em 2010, os pacotes brasileiros
caíram para R$ 1,97 a R$ 2,89 enquanto em Portugal e Espanha os preços
variam entre R$ 0,81 e R$ 1,80 e na Argentina e Chile entre R$ 0,51 a R$
1,24. "Não houve nenhuma mudança tributária neste período, o que
significa que a concorrência é muito mais importante para a formação de
preços do que os impostos", completou o presidente da Ancine.
No
entender de Rangel, esses valores demonstram que há, no mercado
brasileiro, entraves à competição nas duas camadas que formam o segmento
de TV por assinatura, que são a camada da agregação do conteúdo
produzido (com as atividades da produção, programação e empacotamento) e
a segunda camada, do provimento e distribuição deste conteúdo. "As
falhas de mercado se dão nas duas direções: na distribuição, que não tem
acesso aos conteúdos relevantes para a competição, e consequentemente
não expandem a rede e serviços; e na outra direção, os agentes
econômicos da produção e programação ficam sem o acesso às redes, o que
os impede de ampliar os investimento", completou.
Para o
presidente da Ancine, entre os méritos do PL 116 (que permite o ingresso
das teles no mercado de TV a cabo, estimula o conteúdo audiovisual
nacional e distingue os produtores dos distribuidores de conteúdo) é que
ele permite o surgimento de outros atores no mercado, além de propiciar
um ambiente adequado para a ampliação do investimento privado nas redes
e na produção audiovisual. "O conteúdo brasileiro deve estar aberto ao
maior número possível de agentes econômicos. Não importa a plataforma",
completou.
Fonte: http://tvmagazine.com.br/blogs/post.asp?ID=6379
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